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quinta-feira, novembro 02, 2006

Pensando

... Pensando

O Sopro do Eterno varre as areias do existir...

A vida é marcada pela incerteza e pela transitoriedade. Tudo é incerto, tudo acaba. O sopro do eterno é invencível. Por isso Sakyamuni dizia que a dor nasce do desejo e do apego. Desejo por algo incerto. Apego a algo que no fim perecerá. Ilusão. Engodo dos sentidos. Brumas sobre o olho do espírito. Tesouros transitórios. Castelos de areia...

A humanidade arrasta-se de dor em dor. De apego a apego. De desejo a desejo. A vida é uma sucessão. Um ciclo. Muitas vidas, muitos ciclos, muitos giros. Samsara, o sonho rotativo de Deus... O homem, preso, amarrado, perdido dentro dela.

Passado, fruto do apego. Futuro, filho querido do desejo. E o esquecido presente? Chora calado, no centro do trono do tempo.

Viver por castelos de areia? Ou sonhar com a posse de uma nuvem? Desperta! O Buda interior te chama. E na presença da luz compreende...

Vive pelos tesouros da consciência. Descobre-os, no silêncio e no vazio...

Sentado, calado, a grama cresce e a primavera chega. Com ela, a presença da aurora e o fulgor da Luz. O Himalaia interior se ilumina, e a alvorada do espírito acontece.

Bom dia, ó Buda!

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O homem-ego responde:

Quanto você precisa? Muito...
Quanto você quer? Mais...
Quanto você precisa? Quanto você quer? Muito mais...

O homem-Tao sorri e pensa: Como sou contente...

“Quando a humanidade vive em ordem,
Os cavalos puxam o arado;
Quando ela renega sua lei interna,
Os cavalos se preparam para guerra.
Não há pecado maior
Do que o excesso de ganância.
Não há mal maior
Do que querer sempre mais.
Não há maior calamidade
Do que mania de sucesso.
Quem se contenta com o necessário
Vive numa paz imperturbável.”

TAO TE CHING - Poema 46

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A solitude é a companheira de todo buscador. Uma bela solidão, onde o vazio é preenchido pela presença do divino. Um vazio cheio, uma plenitude só. Uma vacuidade preenchida, um preenchimento vazio.

O zero no Um, o Um no zero.

As pessoas não te compreenderão, amigo buscador. Nem mesmo os mais próximos te incentivarão. Mas isso é um dos mais belos ensinamentos da solitude. A responsabilidade e a coragem de ser si e apenas si mesmo. Tudo depende apenas de você. Essa é a única e verdadeira responsabilidade. Depender apenas de si, para ser feliz.

Mas, não se confunda, nem se isole do próximo. Isso seria como fugir. A verdadeira solitude manifesta-se no coração do buscador rodeado pela multidão. Em sua mente cercada pelo barulho da civilização.

Tenha amigos e amores. Mas dependa apenas de si, para ser feliz...

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Nos rituais o manifesto pode ser adorado, cultuado e alcançado. Mas, apenas na meditação, o Imanifesto pode ser vislumbrado, compreendido e a alma unificada...

“Uma coisa é obtida da adoração das coisas do manifesto; outra é obtida da adoração do imanifesto. Isto foi dito pelos sábios que alcançaram o Atman.” – Mantra 13 – Isha Upanishad

“Aquele que conhece que a imanifesta Prakriti e o manifesto Hiranyagarbha podem ser adorados juntos, vence a morte pela adoração de Hiranyagarbha e obtém imortalidade através da devoção a Prakriti”. Mantra 14- Isha Upanishad

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Sobre a natureza de Deus (Brahman): Kena Upanishad

“Aquilo que não pode ser expresso com palavras, mas pelo qual a língua fala – sabei que é Brahman ...”

“Aquilo que não é visto pelos olhos, mas pelo qual o olho vê, sabei que é Brahman ...”

“Aquilo que não pode ser escutado pelo ouvido, mas pelo qual o ouvido ouve, sabei que é Brahman ...”

“Aquilo que não pode ser percebido pelo alento vital que penetra pelas narinas, mas pelo qual o alento sente, sabei que é Brahman. Brahman não é o Ser que é adorado pelos homens”.

Fernando Sepe 3õ

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